Especial Quadrinhos: Batman e Os Novos 52

Pensem em um cara esquisito. Sempre existe um. Na sua sala do colégio ou da faculdade. Um cara meio estranho, que não conversa muito. Talvez ele seja o estereótipo do nerd. Ele lê quadrinhos e gosta de coisas que a maioria das pessoas dispensa. Eu acho que me encaixo nesta descrição.
Desde pequeno, acompanho quadrinhos e, ultimamente, com a enxurrada de filmes de super-heróis e a popularização da cultura nerd, tenho visto muita gente querendo começar a acompanhar quadrinhos, vendo que não é uma mídia “para crianças”. O grande problema, citado pela a maioria das pessoas, é a continuidade. Então estou começando aqui uma série de posts pra ajudar a galera que não acompanha, mas quer se situar nos quadrinhos.
Durante muitos anos, os quadrinhos tem tido o hábito não muito legal de viver interligando histórias, arcos e fases de escritores, onde vivem fazendo referências a coisas que aconteceram anos antes. Por exemplo, se você assistiu ao filme do Homem Aranha, curtiu e decidiu começar a acompanhar as HQs para ver se o Peter a Mary Jane ficam juntos, ficará assustado quando vir que Peter e Mary já se casaram, tiveram filhos, se separaram, morreram, ressuscitaram diversas vezes.
Mas aí a cultura nerd invadiu o cinema no fim dos anos 90 e no começo da década passada. Tivemos Batman de Tim Burton, com as fantasias muito fiéis às dos personagens clássicos, tivemos também os X-Men, com um primeiro filme ótimo e sequências deploráveis. Tivemos Blade, Quarteto Fatástico, Demolidor, Elektra, Homem Aranha, Mulher Gato e muitos outros divisores de opinião. E então veio o início da aclamada trilogia Cavaleiro das Trevas, que começou essa nova era.
Quando a Marvel Studios surgiu, dominando bilheterias com seus filmes preparatórios para Os Vingadores (2012), a DC estava muito satisfeita com sua parceria com a Warner e o lendário trabalho de Christopher Nolan com Batman. Ambas as produtoras começaram a se tocar que uma nova geração estava se interessando pelos super heróis e que uma avalanche de jovens ia logo começar a migrar para os quadrinhos. E começaram os reboots.
Reboots são um pouco comuns nos quadrinhos. Normalmente, é zerar o número de uma revista e começar tudo de novo, uma nova origem, novas histórias, novas visões acerca do personagem, ignorando TUDO o que aconteceu antes. Isso é sempre muito bom para novos leitores e é pensando neles que as editoras fazem essas maluquices.
Então aconteceu que, em setembro de 2011, a DC encerrou TODAS as revistas mensais, terminando com o arco Ponto de Ignição, da revista do Flash. Em seguida, foi divulgada a estratégia da nova fase. O nome do reboot: Os Novos 52. Os Novos 52 foram 52 títulos mensais que foram rebootados e relançados pela DC. Entre eles, tivemos grandes caras como Batman, Superman, Flash, Aquaman e toda a trupe do colante colorido.
Os quadrinhos da DC, assim como os da Marvel, saem no Brasil pelas mãos da Panini e Os Novos 52 chegaram ao Brasil só em maio de 2012 – quase um ano de atraso com relação ao lançamento americano. A Panini tem o hábito de lançar mais de uma HQ em uma única revista – lá fora saem 52 revistas de 32 páginas cada –, por exemplo, na revista mensal Batman saem as aventuras das 3(!) revistas solo do herói, que são Batman, The Dark Knight, e Detective Comics.
          Em maio do ano passado, eu já estava há um bom tempo sem acompanhar quadrinhos mensais – parei quando a Panini terminou de publicar o arco O Cerco – e é claro que resolvi retomar o bom e velho hábito. E, levando em consideração o meu bolso e a distribuição das revistas aqui no bairro, comecei a acompanhar as duas revistas do Batman: Batman e A Sombra do Batman.
Como já citado, em Batman temos as aventuras solo do morcegão e, em A Sombra do Batman, a Panini publica as HQs Batman & Robin, Asa Noturna, Batwoman, Batgirl, Mulher-Gato, Batwing e Capuz Vermelho & Os Foragidos. Como A Sombra tem um número grande de histórias por edição, vou abordar seus primeiros meses em outro post, focando só na Batman nesse aqui.

Os coleguinhas do homem morcego, que tem suas histórias solo em A Sombra do Batman.

A revista solo do Batman chegou com tudo. A edição de lançamento esgotou e teve uma segunda tiragem com capa variante e tudo. A ordem das histórias dispostas na revista é Batman, Detective Comics e The Dark Knight, e a revista começa com estilo. Batman, nas mãos do roteirista Scott Snyder e do desenhista Greg Capullo, começa sem alterar o passado do herói e já vai direto ao ponto, começando uma história misteriosa. É interessante que os três Robins estão presentes nessa primeira história e fica claro quem é cada um, orientando – ou confundindo - o novo leitor definitivamente. Não há dúvidas de que é a melhor história da revista e ainda é até hoje, com a décima segunda edição com os dias contados para sair no Brasil.
Em seguida, temos Detective Comics, com arte e roteiro de Tony Salvador Daniel. Essa é um pouco fraca e aqui o Batman está sendo caçado pela polícia, pois acabou a parceria entre os dois. A última história da revista, The Dark Knight, é a mais fraca. Roteiro confuso demais, mas ilustrações de David Finch – que eu admiro.
No decorrer dos meses, um padrão desigual foi se estabelecendo na revista mensal Batman. Scott Snyder e Greg Capullo permaneceram à frente da revista que leva o nome do herói. As equipes de TDK e Detective Comics mudaram no decorrer dos meses, mas ainda assim as duas publicações continuaram sem muita força. A DC soube ver isso lá fora e usou muitas estratégias para trazer mais leitores para as duas revistas. Lembrando que lá as três são publicadas avulsas, ou seja, se você quiser comprar só a do Scott Snyder, você pode.
Houve crossover de personagens de outras revistas em The Dark Knight, houve vilões clássicos e mortes estranhas em Detective Comics, mas a estratégia definitiva de venda e interesse da DC para essas duas foi por volta da oitava edição, quando Batman de Snyder estava em um ritmo fantástico e começou um evento chamado “Noite das Corujas”. Logo as outras revistas solo, além das revistas que saem em A Sombra do Batman, entraram na dança: todas estavam tendo histórias relacionadas com o arco de Snyder.
Hoje eu acompanho Batman só pela história de Scott Snyder, lendo as outras duas com um pouco de preguiça. Mas não desanimem, ainda dá tempo de começar a acompanhar as revistas do Morcego, e vale a pena fazê-lo – pelo menos agora, com A Noite das Corujas finalizada na edição de março, uma nova história deve começar. Tenho sérias preocupações com A Sombra do Batman, mas isso é assunto para o próximo post da série.
          Se você se interessou e quer começar a ler as revistas do Batman, deve fazê-lo imediatamente. Comece comprando as revistas mensais que saem agora, depois procure pesquisar na internet as coisas que perdeu, suas dúvidas e curiosidades. Procure ler as histórias mais famosas e marcantes do personagem, tem muita coisa de graça pra download na internet. Indico os arcos: O Longo Dia das Bruxas, Batman: Ano Um, e Batman O Cavaleiro das Trevas. Indico também A Piada Mortal. Esta última não é um arco completo, mas um clássico do personagem, escrita pelo grande mago das histórias – Alan Moore.
Nota d’A Editora: Aproveitando que o assunto são super-heróis, queria fazer uma observação. Imagino que todos tenham notado a quantidade de atores britânicos que têm interpretado personagens tipicamente americanos ultimamente. Para citar alguns superpoderosos, temos o novo Homem Aranha (Andrew Garfield, nascido nos Estados Unidos e criado no Reino Unido), a Fera em X-Men: Primeira Classe (Nicholas Hoult), o Batman de Nolan (Christian Bale, nascido no País de Gales) e, em breve, até o Superman (Henry Cavill será Clark Kent no filme Man of Steel). Mas é claro que os heróis dos quadrinhos não são os únicos, pois certos súditos de Sua Majestade também têm feito zumbis americanos (o zumbi R, de Meu Namorado É Um Zumbi, também interpretado por Nicholas Hoult), médicos americanos (Hugh Laurie na série House), vampiros americanos (o vampiro Edward de Crepúsculo, por exemplo, vivido pelo ator Robert Pattinson – que, por acaso, tem feito muitos papeis americanos nos mais diversos filmes) e – pasmem – presidentes americanos (Daniel Day-Lewis, em Lincoln de Spielberg)! Os EUA podem até ter exportado um Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.), mas não seria de se espantar que em breve importassem um Capitão América (atualmente o americano Chris Evans). Obviamente, não estou dizendo que deveria ser de qualquer outra forma, mas uma coisa é fato: me surpreende muito a incrível capacidade que atores têm de se transformar tão facilmente em pessoas de outra nacionalidade ao atuar. Se não me engano, a prática de escalar atores com nacionalidades diferentes da do personagem que interpretam tem se intensificado nos últimos anos e, como cinéfila que sou, devo dizer que acho maravilhoso que as fronteiras e oceanos entre países sejam cada vez menos uma limitação, pelo menos quando o assunto é cinema (ou televisão). Viva a telona (e a telinha)!

0 comentários:

Postar um comentário