E é isso, os zumbis nunca renderam tanto para a indústria. Nos últimos anos, citar exemplos de um trabalho bem-sucedido com os mortos vivos se tornou impossível sem lembrar The Walking Dead. A história começou a ganhar notoriedade em seu terceiro ano de publicação, quando a primeira tiragem de seu número 33 esgotou em 24 horas. Em 2010, a série ganhou o prêmio Eisner – o Oscar dos quadrinhos – de Melhor série contínua. No mesmo ano, estrearia a série de TV que adapta os quadrinhos e que alavancou a febre zumbi dos últimos anos.
Robert Kirkman é o verdadeiro moneymaker do momento. Tudo em que toca parece se tornar ouro. Seu império abrange jogos de videogame, série de quadrinhos, seriado de TV, livros, jogos de tabuleiro e dezenas de produtos licenciados. A forma com que o autor abordou a história no começo, quando só havia a série em quadrinhos, inovou. Em suas histórias, os zumbis não são o show, quanto menos os vilões da história. Os mortos vivos são o pano de fundo em uma peça onde os sobreviventes interpretam herói e vilão ao mesmo tempo.
A capa do primeiro volume da série, traduzido como "Dias Passados" |
No primeiro arco da série, nós conhecemos Rick Grimes e sua história como policial que entrou em coma após ser baleado em uma perseguição, acordando no mundo destruído pelos mortos que não ficam mortos. O primeiro arco da série tem os ótimos desenhos de Tony Moore, que tristemente foi substituído na sétima edição por Charlie Adlard. Adlard faz uso demasiado de sombras na construção dos desenhos, o que me causa certo desagrado. Os desenhos de Tony Moore, por outro lado, são os melhores. Tem traços finos, mas vívidos. Tem emoções bem destacadas, o que é importante, porque The Walking Dead é um drama, não um terror.
A história todos conhecem. Rick acorda do coma e parte em busca da mulher e dos filhos, passando por todas as suas desventuras. Com os outros sobreviventes, viverá sempre correndo, sempre com as armas prontas, buscando a sobrevivência e não podendo confiar nem nos outros sobreviventes.
Quem começar a ler The Walking Dead após ter assistido à série logo notará algumas divergências na história, como sempre acontece em adaptações. Algumas mortes de personagens que acontecem logo no primeiro arco foram adiadas na série de TV – e alguns personagens nem existem ali. Desnecessário descartar personagens que têm quase vida própria nos quadrinhos e criar mais personagens, por melhores que sejam, para a série. Um exemplo são os irmãos Merle e Daryl, que são amados pela audiência, mas que não existem nos quadrinhos. A série também dá pouco pano para sensacionais personagens como Michonne, fortíssima nos quadrinhos, mas muito mal representada na série. Não me demorarei citando os problemas da série de TV, porque este é um assunto muito enfadonho, que se torna muito repetitivo. Toda vez que um livro é adaptado, nós vemos o mesmo mimimi: o livro é melhor que o filme. The Walking Dead não é uma exceção a esta máxima.
Robert Kirkman dosa o drama e a ação em todas as edições. O arco termina com estilo, um final incrível, que realmente encerra o arco como uma fase da história dos sobreviventes – leva o nome de Dias passados.
A capa do primeiro livro da trilogia que contará a história do Governador. |
Minha experiência com o livro foi muito curta. Li o volume, de quase 400 páginas, em algumas horas. Kirkman e Bonansinga fizeram uma parceria incrível em termos de narrativa e trama. A prosa do livro não é demasiado detalhista, mas também não é superficial demais. A história tem os mesmos padrões da série em quadrinhos: os zumbis são apenas o background e os sobreviventes são o verdadeiro foco.
O nome do livro invoca um personagem conhecido dos quadrinhos e que ficou conhecido pelos fãs da série de TV na terceira temporada. O Governador é um dos maiores vilões de quadrinhos e
A trama do livro segue o grupo de sobreviventes formado por Phillip, sua filha Penny, seu irmão Brian e seus amigos Nick e Bobby. O livro é realmente sensacional para quem acompanhou as HQs, porque, além de falar mais sobre o nosso vilão favorito, ele também fala, mesmo que rapidamente, do começo da epidemia da doença dos zumbis e de como todo o apocalipse começou e acabou com tudo em uma velocidade absurda.
O livro também se torna um dos mais tristes que você jamais lerá se você o fizer depois de ter lido os quadrinhos ou visto a terceira temporada da série, porque você vai lendo, vai lendo e você sabe o que vai acontecer – e se pega desejando para que não aconteça, roendo as unhas de curiosidade. É claro que eu não vou contar o que é, mesmo não considerando spoiler se visto de algumas formas.
Ótimas sequências de ação, um pouco mais sobre a Atlanta devastada pelos mortos, reviravoltas mil e as bizarrices de Phillip tornam o livro uma experiência incrível. Kirkman realmente conhece as pessoas e a forma como as pessoas agem. Ele ou Bonansinga, quem deles tiver criado as cenas de ação, é um gênio. Uma certa cena com motocicletas é maravilhosa.
O que mais acrescentar senão mimimi? Se você gosta do seriado, leia os quadrinhos. Se você gosta dos quadrinhos, leia o livro e, vamos lá, dê uma chance à série. A ascensão do Governador tem um final com cliffhanger que vai te deixar louco, porque eu fiquei. O que foi feito aqui é mítico e dá início a uma trilogia que vai contar a história do Governador desde sua Ascensão até os seus momentos na série em quadrinhos. O segundo volume, Caminho para Woodbury, já foi lançado no Brasil e tem uma premissa ainda mais enervante para quem já está avançado acompanhando os quadrinhos.
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