A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr

Eduardo Spohr
Edição: 2
Editora: Verus
ISBN: 9788576861041
Ano: 2010
Páginas: 647

Sinopse:
Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final.
Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.

Quando me pedem para falar de A Batalha do Apocalipse, eu comumente deixo a imparcialidade de lado, como quase todo mundo faz quando fala de seu livro favorito. Li o livro há alguns anos e é a primeira vez que tentarei escrever uma resenha sobre ele, sendo o mais imparcial que eu puder.

Li o livro há três anos, quando A Batalha havia completado um ano de seu lançamento independente e finalmente saía no cenário nacional, pelas mãos de uma editora grande que confiou a Spohr uma tiragem igual à dos livros de Bernard Cornwell no Brasil. O livro se tornou best-seller naquele ano, figurando nas listas de diversas revistas – e assim permaneceu o ano inteiro, só sendo derrubado quando os calhamaços de George R. R. Martin começaram a ser publicados no país e a febre, que se estende até hoje, começou. Spohr é um autor que merece o sucesso que fez e é digno de competir páreo a páreo com George R. R.  Martin.

Martin é famoso pelo universo fantástico de As Crônicas de Gelo e Fogo, que rendeu o seriado Game of Thrones. É impossível falar do cenário fantástico atual sem citar seu nome, sendo ele o nome mais importante do momento. Mas, ao mesmo tempo que Martin é o rei da fantasia no cenário internacional, Spohr é o rei em terras Tupiniquins. O cenário nacional de fantasia cresceu estrondosamente nos últimos meses e, parafraseando o próprio Spohr, "deixou de ser um nicho para se tornar mainstream".

O livro é um épico de fantasia que conta desde os primeiros levantes no céu até a batalha final do Apocalipse. Spohr esbanja os detalhes de um universo de sua própria criação e sua firmeza e verossimilhança estão além das lendas mitológicas em que o autor se baseou, oriundas da cultura judaico-cristã. Spohr apresenta o universo composto de diversos planos existenciais e dimensões. O Céu como o conhecemos não é um plano, mas uma dimensão à parte apenas acessível aos anjos, que são capazes de se desmaterializar, ou pelas passagens espirituais e dimensionais, como a gerada pelos rios que cruzam as dimensões e planos.  No Céu, que é composto por sete camadas, existe uma hierarquia, no topo da qual vivem os cinco arcanjos – que, de todos os anjos, são os mais próximos de Yahweh: Deus.

O príncipe dos arcanjos é Miguel, o líder tirano e o mais velho dos cinco arcanjos. É o único que tem acesso ao monte Tsafon, o Monte da Congregação, onde Yahweh estaria descansando desde que terminou a criação. É interessante a abordagem de Spohr, apresentando cada um dos "dias" da criação como uma era de milhares de anos. O Sétimo Dia, quando Yahweh terminou a feitura do Universo e se retirou para seu descanso, se estende até hoje. Enquanto Yahweh dorme, é o trabalho dos Arcanjos reinar sobre os céus e Miguel sobre até mesmo seus irmãos. Miguel abusa de seu poder e nutre uma inveja enorme dos homens, a criação suprema de Yahweh. Este lhes deu a Alma, o Lívre Arbítrio, do qual os Anjos estão vetados, acorrentados às suas naturezas.

A trama passeia por diversos momentos da nossa história, acompanhando um Anjo Renegado chamado Ablon. Ablon e os outros anjos renegados foram presos ao plano humano, a Haled, após serem enganados por Lúcifer e incitados a se rebelar contra Miguel. Ablon não tem parte de seus poderes e é incapaz de se desmaterializar ou manifestar suas asas, que são rajadas de sangue – a marca dos renegados. Lúcifer é um personagem excepcional e, segundo o próprio autor, foi inspirado no Loki da mitologia nórdica. Ele é ardiloso e convincente, um antagonista excepcional. Lúcifer está se posicionando cuidadosamente na linha de conflito que se forma com o fim do Sétimo dia cada vez mais próximo.

O autor criou uma divisão (entre os planos espirituais e o nosso) à qual se refere como "a membrana" ou "o tecido da realidade". Os personagens todos acreditam que, quando o Sétimo Dia chegar ao fim e a sétima das trombetas que anunciam a chegada do apocalipse e o despertar de Yahweh soar, este tecido cairá e todas as dimensões e planos serão unos. Será então que começará a grande batalha. Porque, durante todos esses milênios em que Yahweh esteve adormecido e depois que Lúcifer foi banido ao inferno com o seu  terço dos anjos, Miguel e Gabriel eram os dois grandes e Gabriel, que é apaixonado pela criação e protetor dos Homens, se virou contra o irmão mais velho. Durante milênios, os exércitos de Miguel e Gabriel guerreiam nos céus, mas, enquanto Miguel se instala no Quinto Céu e Gabriel no Primeiro, os exércitos de ambos lutam incessantemente na quarta camada celestial. Mas a terceira camada, o Éden celestial para onde as almas essencialmente boas vão ao morrer, fica exatamente entre os quartéis generais dos inimigos, dificultando a movimentação dos exércitos. Então Lúcifer vai aproveitar a farra do boi que vai ser o soar da Sétima Trombeta e subir para a terra com o seu próprio exército. Ele propõe uma aliança com Ablon, sugerindo que ele lidere suas hostes – como antes era um general da casta dos anjos guerreiros, os querubins.

Spohr desenvolve a história com muita ação e referências implícitas a clássicos da cultura pop dos anos 80 e 90. É elogiado pelo escritor e roteirista José Louzeiro, que o compara a J. R. R. Tolkien. Spohr realmente é único na literatura nacional e o nível de excelência de sua obra, de fato,  só pode ser comparado ao do mestre da fantasia. É o livro de estreia do autor, que mostra todo o seu potencial e que abre as portas para o universo imenso que se expande em Filhos do Éden.

Nota da Lu: Ablon <3 Shamira <3 Orion <3 Lúcifer <3

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