A Torre Negra - O Pistoleiro (Vol. I), de Stephen King



Stephen King
Edição: 1
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9788581050751
Ano: 2012
Páginas: 221
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Sinopse:

Condenado a vagar por um mundo pós-apocalíptico no encalço de sua nêmesis, o misterioso Homem de Preto, Roland, encontra personagens cujo destino está ligado ao seu com um papel crucial em sua caçada. Jake Chambers é um estranho menino que foi transportado para o Mundo-Médio após morrer tragicamente na Nova York de 1977. Alice, uma fascinante mulher da desolada cidade de Tull. O destino - ou ka - reserva a morte para ambos, e Roland conta apenas com suas habilidades como pistoleiro para derrotar o inimigo. Essa jornada através do Mundo Médio o leva em direção à Torre Negra, que a tudo observa no horizonte distante.

Em 1967, um jovem americano, do alto da febre da idade e exalando a confiança da juventude, havia lido e se encantado com o trabalho de J. R. R. Tolkien em O Senhor dos Anéis. Foi aí que o jovem Stevie, inspirado, começou a cozinhar em sua cabeça uma história que levaria mais de trinta anos para ser concluída. A história que, segundo ele mesmo, ele escrevia não porque queria, mas porque precisava contar.

Na introdução de O Pistoleiro, Stephen King nos conta sobre a juventude e sobre como nasceu em sua imaginação poderosa e genial fértil a história d’A Torre Negra, que lhe custou muitos anos para ser contada e quase ficou sem final quando, em 1999, o autor sofreu um grave acidente. King discorre na introdução, e também no prefácio seguinte a ela, a respeito disso. Conta, em alguns momentos, das cartas que recebeu de alguns leitores que, à beira da morte, o pediam para revelar o final da história, que até então só havia sido publicada – e escrita – até o quarto volume. King aprontou e terminou os três volumes finais da história com pressa e, cinco anos depois do acidente, o último e aguardado volume foi lançado.

A Torre Negra é, segundo seu próprio autor, a obra máxima de Stephen King. Seu trabalho mais importante, embora não o mais conhecido. O autor confessa que, se em uma palestra lotada perguntar quantos dos presentes já leram algum de seus trabalhos e em seguida perguntar quantos destes leram A Torre Negra, menos da metade dos leitores responderia que sim. Mas King não observa isso com pesar ou reclamando, e é ciente de que quem leu A Torre foi arrebatado pela história que se tornou tão importante para seus fãs quanto para seu criador.

O primeiro livro nos apresenta Roland Deschain, O Pistoleiro, e sua busca pela Torre Negra, que se acredita ser o centro de seu mundo – e de todos os mundos. Roland é o último pistoleiro de sua ordem, e seu destino é atravessar seu mundo e encontrar a Torre Negra. O mundo de Roland é um grande cenário pós-apocalíptico e desértico, onde peste, fome, guerra e doença devastaram tudo. King tem como fontes de inspiração maior para o universo criado a Terra Média de Tolkien e o poema épico de Richard Browning, “Childe Roland To The Dark Tower Came”, mas a história não se resume a esta salada de influências e inspirações. É original e surpreendentemente verossímil, com todos os elementos unidos num só.

Quando começamos a história, Roland está no encalço de um homem, o Homem de Preto, cujo nome mais tarde nos é revelado: Walter. Ele é um dos personagens mais importantes e enigmáticos de toda a história, aparecendo em momentos arbitrados com maestria por King. A memorável frase inicial do livro – e de toda a jornada iniciada nele – é um mantra para os fãs e fala dessa busca inicial de Roland: “O Homem de Preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás.” ¹. No decorrer da saga, conhecemos três faces de Roland. O Roland de antes, o Roland de agora e o Roland de depois. O Roland no presente deste primeiro livro é o Roland de agora, apresentado como um homem que já não está mais na flor da idade, O Pistoleiro, cheio de cicatrizes de batalha, amigos e um amor perdido. Segue em busca d’A Torre, custe isso o que lhe custar. O Roland de antes nós conhecemos só nos livros seguintes, quando nos é contada a sua história passada, antes dos eventos de O Pistoleiro. E o Roland de depois é o que o personagem vai se tornando no desenrolar da história, conforme sua jornada se desenvolve e se aproxima do fim.

A Torre Negra é o que Stephen King tem de melhor, tudo numa única história. Misturando o terror que é sua marca registrada com fantasia, referências a cultura pop, lendas arturianas, faroeste e ficção científica, King encontrou sua melhor forma nesta história. É uma impressão pessoal minha e de muitos outros leitores, essa de que não é possível ver a vida da mesma forma depois de ler A Torre Negra. O que Stephen King desenvolveu é uma obra prima da ficção. Segundo ele, os sete livros são partes de um único romance, este, então, um dos maiores, se não o maior, romance popular de todos os tempos. Apresenta na história o Ka, algo como o Destino, mas muito mais levado a sério, poderoso e cíclico. Essa ideia, que tem importância mor na trama, foi também a que mais me marcou, e as palavras do Mestre serão sempre um lema onde o Ka é como uma roda que move todas as coisas e que gira sempre para o mesmo lugar.

A Torre Negra é uma história que levou uma vida para ser contada e que, mesmo após ser concluída, ainda tinha e tem muito a ser dito. Após o lançamento do último volume, King ainda escreveu um outro livro, que amarra algumas pontas soltas e preenche a lacuna entre o quarto e o quinto livro. Uma série em quadrinhos que conta a trajetória de Roland em sua juventude, tornando-se o homem que conhecemos em O Pistoleiro, foi desenvolvida pela Marvel Comics e publicada em cinco arcos entre 2007 e 2009. Em diversos de seus livros, Stephen King esconde easter eggs, referências algumas vezes sutis e outras vezes que se relacionam diretamente ao universo de Roland. E ainda assim, com tanto já explorado, deve haver mais histórias sobre o pistoleiro escondidas no fundo da cabeça de Stephen King. Acredito que o Ka de Stephen King seja este universo, e ele sempre vai girar em sua direção e voltar a ele. Direta ou indiretamente. E será sempre um prazer revisitar este mundo e reencontrar o Pistoleiro em suas andanças.

¹ Editora Objetiva, 2004. Tradução de Mário Molina.  Do original: “The man in black fled across the desert, and the gunslinger followed.”

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